A primeira edição da Revista Aurora começou a ser elaborada no final do ano passado. Ainda como mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual pela UFF e na condição de tutores da graduação, Fátima Luiza e Lucas Reis, ofereceram o minicurso Cinema Brasileiro anos 90 – Propostas e Ressignificados. Foram três dias de debates fecundos, porém, ficou claro que o tema não se esgotou.

A década de 1990 no cinema brasileiro ficou marcada, de maneira geral, por três questões principais. O fim da Embrafilme, a dita retomada e a indicação de três filmes brasileiros para a premiação de melhor filme estrangeiro no Oscar. Entretanto, o cinema brasileiro na década teve uma amplitude enorme e, muitas vezes, obliterada na bibliografia da história do cinema brasileiro. A presente edição da Revista Aurora busca suprir tais ausências.

Rodrigo Bouillet retoma o artigo nome de Hernani Heffner publicado no catálogo da mostra Anos 90: 9 questões para revigorar a discussão do cinema popular no Brasil. Lucas Reis debate o filme Beijo 2348/72, a partir de uma continuidade do filme cômico no Brasil. Luciane Carvalho destrincha o documentário Rádio Auriverde, indicando a recepção que o filme teve na época. Matheus Strelow direciona sua atenção para Xuxa Requebra, filme pouco destacado dessa personagem ímpar do audiovisual brasileiro que costumava levar uma multidão para as salas de cinema. Fátima Luiza exala sua “pernambucanidade” -e a do própria obra – ao mergulhar em O Rap do Pequeno Príncipe Contra As Almas Sebosas. Adriano Del Duca faz uma análise da carreira de curtametragista de Luiz Rosemberg, a partir de alguns filmes do autor.

O presente número ainda conta com duas republicações. O texto de Lucas Reis para o site Cineplayers sobre Perfume de Gardênia e o texto de Rodrigo Bouillet sobre Brincando nos Campos do Senhor, publicado originalmente no catálogo O Pan-Americanismo no Cinema.

Os oito textos em conjunto não esgotam o tema do cinema brasileiro na década de 1990, porém, fazem o que nos interessa aqui: promover debates sobre o cinema brasileiro que não passem pelos caminhos óbvios.